Farol de Areia

Reunião de imagens e textos de Thomas J Schrage

Toques 3:69

Calor

– Está tudo pronto?

– Sim, irmão. Meu barco partirá com a lua nova. Nos encontraremos depois, finalmente na Itália!

Alcançaram a Líbia após uma perigosa rota terrestre, mas agora, diante do mar, teriam que se separar. Abraçaram-se por muito tempo e permitiram-se finalmente chorar.

Três dias depois, enquanto se debatia nas águas geladas do Mediterrâneo, Kaled ainda sentia os braços e as lágrimas do irmão o aquecendo.

Frio

A astrobióloga retirou a luva e o capacete. “Vejam, está chovendo!”, gritou animada. O grupo desconfiava se a atmosfera do planeta era realmente segura, mas, bem… por que não? Arriscaram.

“Então, como se sentem? Aposto que não existe algo assim nas Naves-Colônias!”, continuou ela, empolgada.

“O que eu sinto?”, refletiu o Engenheiro-Chefe. “Um enorme desperdício: tanta água caindo para nada, sobre nada, sem nem ser canalizada!”

Textura

Foi apenas um breve descuido, mas ela não viu a curva. A estrada pela Serra do Mar já era conhecida como traiçoeira.

O carro capotou pelo barranco uma, duas, cinco vezes, com a imagem oceano-céu-chão repetindo-se a cada volta.

Disseram-lhe que nunca mais sentiria os pés. Nem o áspero dos granitos ou a areia quente.

Até mesmo as cócegas horríveis que seu namorado lhe fazia seriam, agora, apenas lembranças nostálgicas.