Culinária 3:69
20 de fevereiro de 2019Sem tempero
O grupo de homens e mulheres estava há dias andando, sem direção. O mato estava seco, o solo era estéril, a barriga corroía-se vazia. Já não mais aguentavam.
O bando de carcarás estava há dias voando, a esmo. O céu estava quente, os cadáveres eram raros, a pele estava seca. Não se aguentavam mais.
“Espere um pouco!” disse de sobressalto um dos carcarás, vendo um homem esfomeado se aproximando.
Receita difícil
O rapaz queria impressionar, afinal, seria um primeiro encontro. Comprou camarão, mexilhão, dendê. Faria a sua melhor moqueca.
Mas algo deu errado, as panelas pegaram fogo, subiu uma fumaça e a casa ficou com cheiro de camarão queimado.
Quando ela chegou, pediram uma pizza. Assim que se sentaram, ela perguntou: “Que cheiro é esse de camarão?”
“Algo que cozinhei ontem”, mentiu ele.
“Ainda bem que foi ontem, sou alérgica!”
Comida industrializada
A Pegasus-4 aproximava-se da Colônia-8. Toda a tripulação acompanhava ansiosa a contagem regressiva. “Três persecs, ainda falta três persecs!”
Cruzaram há meses com a chuva de meteoritos que causou um incêndio na seção de horticultura hidropônica. A tenente havia levado seus quatro gatos, e por sorte, a ração estava em outra seção. Ninguém mais aguentava comer ração.
Os gatos, percebendo o perigo, haviam se escondido das vistas dos humanos.